As estruturas sociais ou “classes” são realidades que
conhecem as suas origens na própria formação longínqua da humanidade, em
situações que tem sido idealizadas, e também na organização da consciência
humana.
As grandes estruturas
culturais humanas
Os mitos tradicionais falam de uma Idade de Ouro, na qual as
coisas surgem perfeitas e harmônicas, entre Deus, o homem e a Natureza. O tema é tão amplo, que existem diversas
formas de focalizar esta imagem da perfeição.
Uns procuram na própria História humana, através da
civilização e da cultura, da sociologia e até da mitologia, identificando
estágios originais onde havia grande integridade humana e harmonia entre os interesses
sociais, incluindo um razoável nível de sustentabilidade ambiental, como foram
as pacíficas Caral peruana e a Teotihuakan mexicana.
Outros porém, através de uma abordagem mais antropológica, enxergam
na civilização o começo de uma crise nas relações sócio-ambientais, entrevendo
antes como ideais as sociedades tribais e aldeãs que remontam ao neolítico, e das
quais ainda temos alguns precários representantes disseminados em nossos dias
nas grandes florestas e savanas do mundo.
Finalmente, alguns poucos veem mesmo na vida aldeã o começo
da crise humana com a Natureza ou o meio-ambiente e, empregando as ferramentas
da paleontologia, apontam o verdadeiro plano-de-harmonias planetárias naquelas
primitivas sociedades do paleolítico, como são os atuais remanescentes
bosquímanos da África, incluindo o eventual convívio com outras espécies humanoides,
também detentoras de certo grau de cultura superior.
Estas três visões seriam as abordagens mais sérias e científicas
que podemos entrever acerca do idílio da condição humana. Haveria ainda uma
quarta condição, de teor mais espiritual e que transparece nos mitos e
sobretudo nas profecias, e adiante trataremos melhor deste assunto.
Tais estágios estruturais também são formas de situar o ser
humano na sua “montanha” cultural, relacionando-se às estruturas sociais
humanas que prevalecem através dos tempos, e devem ser contempladas numa visão
abrangente da vida e do homem, como foi sugerido nos estudos construtivistas de
paralelos entre as visões-de-mundo das sociedades tribais e a formação da
consciência humana.
Da origem remota das
estruturas sociais
Se analisarmos com profundidade, veremos que todos os
estágios culturais possuem citações ou referências aos estágios restantes da
evolução humana. A consciência humana se organiza em fractais multirecorrentes,
e os sucessivos estágios da humanidade são desdobramentos do amadurecimento e
do empoderamento de cada estágio cultural ou de consciência humana. As origens
ou as sementes das classes sociais podem ser buscadas na formação ou na
evolução humana, embora elas também estivessem já efetivamente representadas de
forma menos expressiva então.
Assim, o proletariado possui uma direta analogia com a humanidade
do paleolítico, quando a grande meta cultural era a sobrevivência material e a
proliferação da espécie, havendo ali um despertar para os rudimentos da
espiritualidade pela racionalização da existência mediante relações ambientais
harmônicas e aquisição de regras-de-saúde mais avançadas, numa fase da
humanidade que a Tradição Esotérica também denomina como “Lemuriana”.
A burguesia, por sua vez, se relaciona objetivamente aos
homens do neolítico, voltados para a produção agrícola e pecuário e o comércio
dos seus produtos, aprimorando a defesa e os assentamentos humanos, assim como das
estruturas para os cultos e o enriquecimento da sua religiosidade, etapa a qual
a Sabedoria das Idades denomina por sua vez como “Atlante”.
Logo, a aristocracia se associa de maneira direta com o
recente período dos “metais”, quando a cultura da guerra alcançou o seu máximo
aprimoramento, juntamente com o desenvolvimento da capacidade mental humana propiciando
a iniciação solar e o advento da economia industrializada. Esta etapa é
conhecida nos meios esotéricos como a “civilização Árya”.
E neste mesmo compasso, estamos atualmente na preparação de
um novo estágio, para gerar a grande cultura do sacerdócio e da espiritualidade,
a etapa seguinte que coroará a presente evolução humana maior através da
conquista da iluminação coletiva, a ser irradiada pelas Sociedades das Américas
de onde emerge a quarta e última estrutura evolutiva humana: a da consciência
individual ou da espiritualidade, e cuja economia será baseada na informação e
na tecnologia dos cristais.
E após isto, viveremos já uma grande revolução cósmica, onde
as equações da humanidade com as dimensões espaço-temporais serão totalmente
diferentes, naquilo que tem sido anunciado como a “Ascensão da Terra”.
O esplendor da pirâmide-da-vida
Assim, nada que chega a florescer deixa de ter a sua semente
nas raízes da condição humana. Com isto, podemos apontar o seguinte quadro de
analogias:
1. Paleontologia Proletariado Paleolítico Lemúria
2. Antropologia Burguesia Neolítico Atlântida
3. Sociologia Aristocracia I. dos Metais Aryavartha
4. Ontologia Sacerdócio I. do Cristais Américas
1. Paleontologia Proletariado Paleolítico Lemúria
2. Antropologia Burguesia Neolítico Atlântida
3. Sociologia Aristocracia I. dos Metais Aryavartha
4. Ontologia Sacerdócio I. do Cristais Américas
Uma das culturas que assimilou de uma forma sábia estas
estruturas foi o Brahmanismo, através da instituição dos ashramas ou etapas-de-vida (estudante, profissional, instrutor e
renunciante) numa pedagogia integral/vitalícia, e fazendo derivar delas as
classes sociais, ainda que com o passar dos tempos tal subordinação acabasse
por se inverter criando as castas hereditárias, levando a perder a essência
deste importante sistema de idealização das etapas sociais e de valorização da
evolução integral do ser humano.
Esta decadência cíclica traz o impulso para reformas
culturais -como fez o Budismo ao reformar o Hinduísmo internamente- e até para
revoluções sociais. Contudo, pouco sentido teria pretender alcançar uma tabula
rasa definitiva na cultura humana e suas estruturas sociais, antes delas
estarem perfeitamente incorporadas no espírito humano; não obstante, a
desconstrução da montanha do tempo ser uma coisa natural e até humanamente
necessária: através disto tem-se a progressiva administração de um dado curso
histórico por todos os estágios sociais humanos de consciência, e se trata
assim de concluir os ciclos.
Para dar continuidade a tudo, a certa altura uma reconstrução
terá início alhures e sobre novas bases (como ocorre agora nas Américas), a fim
de não restar um vazio perigoso no mundo no qual as velhas energias poderiam
crescer em demasia. Esta desconstrução é como uma morte, uma “volta às cinzas”,
de modo que o novo já terá um outro perfil, uma perspectiva diferente das
coisas sob uma outra situação espaço-temporal.
A beleza da vida está na visão transversal ou de
profundidade das coisas. A montanha é bela porque é como um cone no qual se
traça as elipses, simbolizando toda
esta transversalidade da vida. Lembrando a famosa “pirâmide social”, que antes
de tudo também é cultural. A pirâmide é uma condição natural da sociedade
humana, porém a sua organização sempre pode ser problematizada pelo ser humano.
Neste caso, as estruturas sociais necessitam respeitar a
natureza construtiva da pirâmide. Quanto mais alto na pirâmide, mais refinada é
a consciência da pessoa e menor será o número dos seus expoentes
característicos. Na base estará o oposto, o grau de consciência mais denso e um
amplo contingente humano representativo.
O ápice transcendental
da pirâmide
Porém, esta luz tampouco vem deles mesmos, embora devam
possuir vocação e aspiração. Eles também se inspiram naquilo que realmente é
maior e perfeito, localizado no ápice da pirâmide que são os mestres de sabedoria
e os avatares, aqueles que possuem a verdadeira visão-do-todo.
A economia espiritual do planeta, contempla felizmente a
manutenção de alguns destes seres iluminados de forma permanente sobre a face
da Terra. E quando esta realidade é seriamente percebida pela humanidade,
podemos dizer que a recriação e a estabilização do mundo poderão ser
alcançadas.
Quando os homens se entregam à sua própria sorte, ele
conhece todo tipo de subversão dentro desta pirâmide, que então se torna pesada
e opressiva. Cabe a ele mesmo colocar a lâmpada devida no seu ápice para que o
todo também seja iluminado.
Não basta, neste sentido, admitir a existência de Deus e dos
avatares ou encarnações divinas. É preciso também identificar a presença
regular dos mestres na Terra, a fim de obter referenciais realmente universais
de harmonias. Ou seja, a manutenção do chamado polo ou eixo espiritual do
mundo, através dos quais os próprios avatares eventualmente se manifestam
visando reconfigurar as energias e os conhecimentos da humanidade, porque são
eles, os adeptos, quem melhor representam no mundo a consciência crística,
tornando-se intérpretes “oficiais” das revelações e trazendo dinamismo e
atualidade aos grandes ensinamentos revelados.
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